Painel do Mundo

Ricardo Cavalcante Sena, nascido em Formiga-MG em 1974 e morador de Anápolis-GO, é professor de História e Judô. Quando criança jogava futebol de botão com os amigos todos finais de semana. Isto foi constante até sua ida para o estado de Goiás em 1987. Em outubro de 2024, passou a disputar as etapas do goianiense na regra 12 toques, pelo ACG (Clube Atlético Goianiense), reencontrando a paixão pelo esporte que nasceu quando ainda era criança. Ricardo usa essa tribuna para relatar as sensações e os desafios de disputar pela primeira vez um evento nacional contra os melhores do Brasil.
Minha primeira Copa do Brasil: Uma mostra do que me espera
Por Ricardo Cavalcante Sena (24/09/2025)

Da saída de minha cidade natal até me reencontrar com o futebol de botão, foram 38 anos de desencontros, que só se faziam presentes nas lembranças das jogatinas de quando ainda era criança. Mal sabia eu que, menos de um ano após iniciar no esporte em outubro de 2024, estaria disputando um campeonato a nível nacional, a Copa do Brasil em João Pessoa (PB). Ao tomar conhecimento de que iria representar Goiás, veio uma euforia no primeiro momento, e as dúvidas e indagações em minha cabeça, que não cessavam de perguntar “o que me espera?”. O acaso do destino, revelado a partir de alguns acontecimentos, fez com que a vaga para a Copa do Brasil “caísse” em meu colo. Mesmo inexperiente e com o objetivo de adquirir experiência, resolvi enfrentar esta empreitada, e desta forma fui parar em João Pessoa, Paraíba.
No entanto, dois fatores me tiravam o sono. O primeiro, como eu seria recepcionado pelos atletas acostumados a frequentar este cenário de disputas nacionais, e, o segundo, como não fazer “feio” e levar goleadas em cada rodada. Um fragmento de resposta veio com o primeiro contato com o mundo do botonismo, ainda na escala feita no aeroporto do Rio de Janeiro. Quando tive um encontro com um supercampeão das mesas e fora delas, nada mais, nada menos que o Nando, atleta do Vasco da Gama, que de imediato me cumprimentou e trocamos ideias ali, em conjunto com outro altelta do Vasco da Gama, o Bad. Este primeiro contato foi fundamental para que eu fosse me tranquilizando. As palavras de encorajamento que foram aferidas naquele momento foram de suma importância para o que estava por vir.
Já no evento, a tranquilidade que outrora reinava em meu ser foi novamente assombrada ao ver tantos craques do futebol de mesa reunidos em um mesmo local. Mas, novamente a calmaria retornou, quando fui ao encontro de nomes como o multicampeão Quinho, atleta do Palmeiras, que humildemente deu dicas de times e fabricantes. Outro momento importante foram as trocas de ideias no jogo em que enfrentei o também faixa-preta de judô e craque do futebol de mesa, Ednilson Gaffo, um dos representantes do São Paulo. A cada partida, absorvia conhecimento, filtrando cada toque, chutes, nas jogadas do adversário. E a cada toque da sineta no final da partida, a troca de experiências se renovava, o que certamente enriquecia mais e mais o meu jogo. Igualmente importante, não poderia deixar de mencionar os diferentes sotaques, jogadas e estratégias encontradas em cada nova partida, contra atletas de todo esse imenso Brasil. A diversidade cultural se faz tão presente no futebol de mesa, com suas particularidades que só um país tão extenso como o Brasil pode oferecer.

No final do último dia de torneio, todo o processo de medo e incertezas estava chegando ao fim. Não menos premiado que os campeões das séries ouro e prata, levava comigo o meu prêmio pessoal. A experiência adquirida, novas amizades e a emoção de estar em um campeonato de alto nível eram algo surreal. E a pergunta que ressoava em minha cabeça ainda na cidade de Anápolis, “o que me espera?”, enfim obteve uma resposta. E prontamente compreendi que os medos e incertezas são atributos que também nos fazem crescer, e só assim temos a certeza de que não é apenas um jogo, é algo muito maior e enriquecedor para levar por toda a vida.
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